A Zona Oeste do Rio de Janeiro foi palco de mais um crime brutal na manhã desta quinta-feira (5), que chocou moradores e reacendeu o alerta sobre a violência na região. O motorista de aplicativo Eduardo de Assis Barreto, de 43 anos, foi assassinado a tiros em Jardim Bangu, sub-bairro de Bangu. A principal linha de investigação da Polícia Civil aponta que ele pode ter sido executado por engano, confundido com um integrante de milícia que atua na área.
Segundo informações da Delegacia de Homicídios da Capital (DHC), Eduardo dirigia um Honda branco quando foi alvejado por cerca de dez disparos feitos por dois homens em uma motocicleta. O ataque aconteceu na Rua Raul Barros Vieira, em frente a uma escola, no momento em que ele retornava para casa após deixar um passageiro.
O carro da vítima foi atingido várias vezes, subiu na calçada e só parou ao colidir com uma árvore. Eduardo morreu ainda no local. Os criminosos fugiram sem levar nada, e até o momento, não há informações sobre a identidade dos atiradores. A investigação trabalha com a hipótese de execução, mas a motivação ainda é incerta.
Possível engano fatal
Amigos e familiares de Eduardo descartam qualquer envolvimento dele com atividades criminosas. O homem era pai de dois filhos e trabalhava como motorista de aplicativo há cerca de dois anos. Casado recentemente, ele havia se unido oficialmente à esposa em 17 de maio, menos de um mês antes de sua morte.
De acordo com depoimentos de pessoas próximas, no momento do crime, Eduardo havia acabado de finalizar uma corrida com um passageiro e se dirigia para casa, onde almoçaria com a esposa. Depois, seguiria para a Tijuca, na Zona Norte, para buscar o filho mais velho, já que a mãe do menino passaria por uma cirurgia.
As autoridades acreditam que Eduardo possa ter sido confundido com um alvo específico, possivelmente um miliciano. A suspeita surgiu por conta da dinâmica da execução: os criminosos agiram com precisão, em uma ação claramente premeditada, e não tentaram roubar o veículo ou qualquer pertence da vítima. A cor e o modelo do carro também podem ter contribuído para o possível erro de identificação.
Clima de medo e revolta
A execução em plena luz do dia, em frente a uma escola e numa rua movimentada, deixou os moradores de Jardim Bangu aterrorizados. Muitos relataram o som dos disparos e a correria após os tiros. Uma moradora, que pediu anonimato, contou que se escondeu dentro de casa com os filhos assim que ouviu os primeiros estampidos:
— A gente já vive com medo. Mas agora está impossível. Foi na porta da escola, onde passam crianças o tempo todo. Isso é um absurdo — disse ela.
A presença frequente de grupos milicianos na região é uma realidade conhecida dos moradores. Muitos evitam falar sobre o assunto por medo de represálias, mas há um consenso de que a situação vem piorando. A morte de Eduardo, um trabalhador aparentemente sem envolvimento com o crime, evidencia o grau de insegurança e a banalização da violência.
