Uma megaoperação da Polícia Civil do Rio de Janeiro desmantelou, nesta terça-feira (15), uma fábrica clandestina de cigarros em Duque de Caxias, na Baixada Fluminense. A ação foi coordenada pela Coordenadoria de Recursos Especiais (Core) e revelou muito mais do que apenas contrabando: no local, 17 trabalhadores paraguaios eram mantidos em condições análogas à escravidão, presos em um esquema criminoso que envolvia homicídios, exploração de mão de obra e tráfico ilegal de produtos.
Durante a operação, os agentes se depararam com uma estrutura industrial completa: máquinas de alta capacidade, toneladas de insumos e diversas caixas de cigarros já prontas para comercialização. Estima-se que o prejuízo direto à organização criminosa ultrapasse R$ 10 milhões.
Escravidão moderna: paraguaios confinados e exaustos
Um dos aspectos mais chocantes da descoberta foi a situação dos 17 paraguaios resgatados. Eles estavam confinados em um ambiente precário, sob jornadas de trabalho extremamente exaustivas, sem acesso a documentos ou liberdade de ir e vir. As condições a que eram submetidos configuram crime de redução à condição análoga à de escravo, previsto no Código Penal Brasileiro.
Após o resgate, os trabalhadores foram levados à Cidade da Polícia, na Zona Norte do Rio, onde prestaram depoimento. Eles agora estão sob os cuidados do Ministério Público do Trabalho e da Embaixada do Paraguai, que devem auxiliar no acolhimento e na repatriação, se necessário.
Operação interestadual e prejuízo milionário
A operação contou com o apoio da Receita Federal, que ficou responsável pela apreensão e futura destruição de todo o material ilegal. O 5º Batalhão de Polícia Rodoviária de São Paulo também atuou na ação, o que indica que a rede criminosa pode ter atuação interestadual — com ramificações tanto no Sudeste quanto em regiões de fronteira com o Paraguai.
Segundo os investigadores, a quadrilha agia de forma estruturada e profissional, mantendo um sistema de produção contínua e abastecendo o mercado paralelo com cigarros falsificados ou de origem duvidosa. As marcas apreendidas ainda estão sendo analisadas para confirmar a origem e identificar possíveis falsificações.
Investigações continuam
A Polícia Civil segue investigando os envolvidos e não descarta novas prisões nos próximos dias. O caso reforça a importância da atuação integrada entre forças de segurança e órgãos de fiscalização no combate ao crime organizado, contrabando e trabalho escravo.
Este é mais um exemplo do quanto o crime se modernizou — operando em escalas industriais e explorando vidas humanas como se fossem peças de reposição. A operação em Duque de Caxias não apenas desmantelou uma fábrica ilegal, mas também expôs uma rede criminosa cruel e transnacional, que agora começa a ser desmontada.