Um alerta preocupante vindo da ciência está acendendo o sinal vermelho na área da saúde global: fungos potencialmente fatais, semelhantes ao retratado na série “The Last of Us”, estão prestes a se espalhar com mais intensidade pelo planeta. Segundo um novo estudo realizado por pesquisadores da Universidade de Manchester, o aquecimento global está criando condições ideais para que espécies como o Aspergillus flavus se expandam para novas regiões — e isso pode representar um risco sério para a saúde de milhões de pessoas.
Esses fungos pertencem ao gênero Aspergillus, conhecido por liberar esporos microscópicos no ar que, quando inalados, podem causar infecções pulmonares graves. A principal delas é a aspergilose, uma doença que pode ser fatal, principalmente em pessoas com imunidade comprometida, como pacientes oncológicos, transplantados e portadores de doenças autoimunes.
O estudo mostra que o Aspergillus flavus, uma das espécies mais perigosas do grupo, poderá expandir sua presença geográfica em até 77,5% até o ano de 2100. Isso significa que áreas atualmente frias, como o norte da Europa, partes da Ásia e outras regiões de clima temperado, poderão se tornar novas zonas de risco. A mudança climática está alterando os padrões de temperatura e umidade, criando ambientes mais favoráveis para a sobrevivência e disseminação desses fungos.
Além dos riscos para a saúde humana, os pesquisadores também chamam a atenção para os impactos na agricultura e no ecossistema. O Aspergillus flavus, por exemplo, é conhecido por contaminar alimentos como milho, amendoim e nozes, produzindo uma toxina chamada aflatoxina — substância cancerígena que pode causar danos ao fígado e está associada a surtos de intoxicação alimentar em várias partes do mundo.
A comparação com o universo fictício de “The Last of Us” não é exagerada apenas para causar pânico. Na série, a humanidade é devastada por uma mutação do fungo Cordyceps, que transforma pessoas em criaturas hostis. Embora os fungos reais não causem esse tipo de transformação, o paralelo serve como um lembrete de que os riscos de infecções fúngicas graves não são ficção científica — eles são reais e estão crescendo.
Segundo os especialistas, os sistemas de saúde precisam se preparar para lidar com o aumento dessas infecções. Isso inclui investir em diagnóstico precoce, melhorar o acesso a antifúngicos eficazes e ampliar a vigilância sobre doenças respiratórias de origem fúngica, especialmente em regiões onde essas infecções antes eram raras.
Outro ponto crítico é a conscientização da população e dos profissionais de saúde. Por serem menos conhecidos que vírus e bactérias, os fungos muitas vezes não recebem a devida atenção. No entanto, a Organização Mundial da Saúde (OMS) já incluiu várias espécies de fungos patogênicos na lista de ameaças prioritárias à saúde pública.
O estudo da Universidade de Manchester reforça a necessidade urgente de ações climáticas e ambientais para conter o avanço desses microrganismos. Se nada for feito, o mundo poderá enfrentar não apenas temperaturas mais extremas, mas também uma crise silenciosa e perigosa causada por inimigos invisíveis: os fungos.
A pesquisa está sendo considerada um alerta precoce, mas claro, de que a combinação entre mudanças climáticas e a falta de preparo para lidar com infecções fúngicas pode se tornar uma das maiores ameaças sanitárias do século.
Conclusão:
Diante desse cenário, a prevenção se torna a melhor arma. Combater o aquecimento global e investir em saúde pública são medidas urgentes para evitar que a ficção se torne realidade — e que o “fungo de The Last of Us” deixe as telas e passe a fazer parte do nosso cotidiano de forma devastadora.