Um caso de violência doméstica chamou a atenção no Paraná após um homem trans, que está grávido, denunciar sua ex-companheira, uma mulher trans, por agressões físicas e psicológicas. O caso reacende o debate sobre a violência em relacionamentos LGBTQIAP+ e os desafios enfrentados por pessoas transgênero.
Segundo informações divulgadas pelas autoridades, a vítima, que está no terceiro trimestre da gestação, procurou a delegacia especializada para relatar os episódios de violência que teria sofrido durante o relacionamento. No boletim de ocorrência, ele descreveu agressões físicas, ameaças e episódios de controle excessivo por parte da ex-companheira.
A denúncia foi registrada na Delegacia da Mulher, que também atende casos de violência doméstica contra homens trans. A polícia abriu investigação para apurar os fatos e colher depoimentos de testemunhas. A vítima recebeu medida protetiva, que impede a ex-companheira de se aproximar dele.
De acordo com especialistas em violência de gênero, casos como esse evidenciam que a violência doméstica não ocorre apenas em relacionamentos heteronormativos. “Infelizmente, ainda há pouca visibilidade sobre a violência doméstica dentro da comunidade LGBTQIAP+, o que pode dificultar a denúncia e o acesso a medidas protetivas. É fundamental que essas vítimas recebam o mesmo amparo que qualquer outra pessoa que sofre agressões”, destacou uma psicóloga especializada no tema.
O homem trans, cuja identidade foi preservada por questões de segurança, relatou que a situação se tornou insustentável nos últimos meses. Ele afirmou que tentou buscar diálogo antes de registrar a denúncia, mas a situação piorou ao longo do tempo. “Eu já não me sentia seguro dentro de casa. Tive medo pelo meu bebê e por mim. Chegou um momento em que precisei tomar essa decisão”, declarou em entrevista a um portal local.
Organizações de apoio à população trans manifestaram solidariedade à vítima e reforçaram a importância de políticas públicas para o acolhimento de pessoas trans que sofrem violência doméstica. “O reconhecimento dessas situações e a garantia de proteção para todas as vítimas são essenciais para combater essa realidade. Ainda há muitos desafios para que o sistema de justiça e a sociedade compreendam a complexidade dessas violências”, afirmou um representante de uma ONG de direitos LGBTQIAP+.
A ex-companheira da vítima ainda não se pronunciou oficialmente sobre as acusações. O caso segue sob investigação, e a polícia reforçou a necessidade de denúncias para combater qualquer tipo de violência dentro dos relacionamentos. “Independentemente do gênero das pessoas envolvidas, violência doméstica é crime e deve ser combatida”, ressaltou um delegado responsável pelo caso.