A Justiça do Rio de Janeiro rejeitou a denúncia apresentada pelo Ministério Público do Rio (MPRJ) contra o ex-secretário de Administração Penitenciária Raphael Montenegro e o traficante Wilton Carlos Quintanilha, conhecido como Abelha, pelo crime de corrupção. O caso, que chocou a população em 2021, envolveu a fuga cinematográfica do criminoso do complexo penitenciário de Gericinó, em Bangu, Zona Oeste do Rio.
O Caso que Chocou o Rio
Wilton Quintanilha, o Abelha, não apenas deixou o presídio tranquilamente, mas ainda apertou a mão do então secretário Raphael Montenegro antes de desaparecer. Na época, Abelha já possuía um mandado de prisão em aberto, o que deveria ter impossibilitado sua saída legal da unidade prisional. No entanto, ele simplesmente saiu andando, sem qualquer resistência, e nunca mais foi visto pelas autoridades.
Desde sua fuga, Abelha continua foragido e, ao longo dos anos, sua ficha criminal se tornou ainda mais extensa, acumulando atualmente seis mandados de prisão em aberto. O caso levantou sérias suspeitas sobre a conivência de autoridades do sistema penitenciário com facções criminosas e trouxe à tona a fragilidade do sistema de segurança pública do estado.
A Denúncia do Ministério Público
Em dezembro de 2023, o Ministério Público do Rio apresentou uma denúncia formal contra Raphael Montenegro e Wilton Quintanilha, alegando um “acordo espúrio” entre os dois. Segundo as investigações, Montenegro teria garantido vantagens a Abelha em troca de apoio político.
O suposto pacto envolvia a permissão para que o então secretário fizesse campanha eleitoral em comunidades controladas pelo Comando Vermelho, facção criminosa da qual Abelha é um dos líderes. O MP afirmou que o criminoso oferecia suporte político em territórios dominados pelo tráfico em troca de favores dentro do sistema penitenciário.
A denúncia gerou grande repercussão e reacendeu o debate sobre a relação entre política e crime organizado no Rio de Janeiro. No entanto, a Justiça não acatou as acusações, uma decisão que levanta questionamentos sobre as provas apresentadas e sobre a capacidade do Estado de responsabilizar agentes públicos envolvidos em esquemas de corrupção.
Justiça Rejeita Denúncia: Falta de Provas?
A decisão de rejeitar a denúncia contra Montenegro e Abelha surpreendeu muitos, considerando a gravidade das alegações feitas pelo Ministério Público. Ainda não foram divulgados os detalhes exatos que levaram à recusa, mas, em casos semelhantes, a Justiça pode considerar que as provas apresentadas não são suficientes para iniciar um processo criminal.
Sem uma condenação formal, Montenegro se vê livre das acusações por enquanto, enquanto Abelha continua foragido. A rejeição da denúncia gera preocupações sobre a impunidade no sistema de Justiça do Rio, especialmente quando se trata de crimes envolvendo figuras de alto escalão do governo e do crime organizado.
O Que Esperar Agora?
O Ministério Público ainda pode recorrer da decisão e buscar novas formas de responsabilizar os envolvidos. Caso novas provas sejam apresentadas, a Justiça poderá reavaliar o caso. Enquanto isso, a população segue acompanhando com atenção mais um episódio de corrupção e impunidade no estado.
A fuga de Abelha em 2021 foi um marco do colapso do sistema prisional carioca, e sua permanência foragido só reforça as dificuldades enfrentadas pelas forças de segurança no combate ao crime organizado. Já a absolvição de Montenegro levanta debates sobre a efetividade do combate à corrupção e a influência das facções criminosas na política fluminense.
O caso ainda não está encerrado, e os desdobramentos futuros podem trazer novas revelações sobre os bastidores da relação entre poder público e crime organizado no Rio de Janeiro.