Uma jovem brasileira de 26 anos, cheia de sonhos e vida pela frente, encontrou a morte de forma trágica e, segundo o desabafo de quem a conhecia, desnecessária. Juliana Marins caiu de uma ribanceira de aproximadamente 650 metros durante uma trilha no Monte Rinjani, o vulcão mais conhecido da Indonésia, e passou quatro dias desaparecida antes de seu corpo ser finalmente resgatado — já sem vida.
O caso comoveu o Brasil, mas também revoltou. Em uma carta emocionada e indignada publicada nas redes sociais, um conhecido da família expôs o que muitos brasileiros pensaram, mas poucos disseram com tanta franqueza: Juliana não morreu apenas pela queda, mas por descaso.
“Disseram que tentaram de todo modo o resgate, que seria difícil, que helicópteros tinham dificuldades, que alpinistas isso e aquilo outro… e agora, depois de morta, foi resgatada.”
O sentimento de impotência é evidente. Quatro dias se passaram até que as equipes de resgate conseguissem alcançar Juliana, mesmo sabendo onde ela havia caído. O terreno era de difícil acesso, e o risco, elevado. Mas, para quem está do lado de cá, acompanhando a angústia da espera, é inevitável questionar: será que fizeram tudo o que podiam?
A crítica foi direta e emocional: “Nossos bombeiros teriam resolvido ou pelo menos alguns teriam dado suas vidas para salvá-la, como meu amigo finado do jiu-jitsu, bombeiro exemplar Frauches, deu a sua num incêndio em um casario no centro do Rio há alguns anos”.
A lembrança do bombeiro brasileiro que morreu heroicamente tentando salvar vidas traz à tona uma dura comparação entre o que se espera de uma equipe de resgate e o que se viu na Indonésia. Para o autor da mensagem, faltou bravura, faltou ação — ou sobrou burocracia.
“Não posso julgar, mas posso opinar. Juliana não morreu da queda, mas por descaso.”
O desabafo menciona ainda outra tragédia, que ficou marcada na memória dos fluminenses: a catástrofe que atingiu as cidades de Nova Friburgo, Petrópolis e Teresópolis em 2011, durante o governo de Sérgio Cabral. As chuvas deixaram mais de 900 mortos e centenas de desaparecidos, mas o trabalho dos bombeiros e da Defesa Civil foi elogiado à época pela entrega, coragem e dedicação.
“Lembremos daquele desastre no Governo Cabral, sob o comando do Cel. Pedro Marco Cruz Machado… deram show, apesar de muitos óbitos pela magnitude do desastre.”
A comparação entre o que foi feito no Brasil e o que não teria sido feito na Indonésia é um grito de dor disfarçado de opinião. É a tentativa de entender o que poderia ter sido diferente para evitar um fim tão cruel. É o luto buscando explicações.
A morte de Juliana Marins não foi apenas uma tragédia individual, mas também um alerta para os riscos de atividades de aventura em locais remotos e para a necessidade de protocolos internacionais mais ágeis e eficazes quando o assunto é resgate de estrangeiros.
O Monte Rinjani, com mais de 3.700 metros de altitude, é conhecido por suas trilhas desafiadoras e paisagens deslumbrantes — mas também por seus perigos. O local já registrou diversos acidentes envolvendo turistas, e a estrutura de resgate na região é frequentemente alvo de críticas.
Agora, restam à família e aos amigos de Juliana apenas as lembranças e as perguntas sem resposta.
“Então é isso que eu penso. Hipo ou inação…”
Hipotermia? Incompetência? Inação? Seja qual for a causa registrada oficialmente, para quem acompanhou de perto o sofrimento da espera e a falta de respostas rápidas, o que ficou mesmo foi a sensação de que Juliana poderia estar viva se tivesse sido tratada com mais urgência, com mais empenho, com mais humanidade.
Enquanto o corpo de Juliana retorna ao Brasil, sua memória é envolvida por homenagens, lágrimas e uma dolorosa certeza para muitos: ela não precisava ter morrido assim.