Uma nova onda de consumo de drogas vem preocupando autoridades e especialistas em saúde mental: o Ice, uma versão mais refinada, potente e perigosa da maconha, tem se tornado cada vez mais comum entre jovens de classe média e alta no Brasil.
Conhecida como “maconha de playboy”, essa substância é produzida com um método de extração a frio — utilizando gelo como filtro — que concentra o princípio ativo THC em níveis extremamente elevados. O resultado é uma droga cristalizada, com visual sofisticado e de altíssimo custo, chegando a ser até 50 vezes mais cara que a maconha tradicional. Por isso, ela circula principalmente em festas privadas, baladas exclusivas e eventos de alto padrão social, frequentados por jovens com grande poder aquisitivo.
O problema, porém, vai além da aparência e do status. O Ice apresenta graves riscos à saúde, com relatos de ansiedade extrema, surtos psicóticos, depressão profunda e perda de concentração. Psiquiatras alertam que o potencial de dependência química é muito maior do que o da cannabis comum, tornando-se uma porta de entrada para transtornos severos de saúde mental, inclusive em pessoas jovens e sem histórico de doenças psiquiátricas.
A crescente popularização da droga já resultou em operações policiais. Em São Paulo, a Polícia Civil deflagrou a “Operação On Ice”, que desmantelou uma rede nacional responsável pela produção e distribuição da substância. Foram apreendidos mais de R$ 3,7 milhões em espécie, além de grandes quantidades de drogas, laboratórios de refino, veículos de luxo e equipamentos sofisticados usados na manipulação da droga.
Curiosamente, a quadrilha operava sem vínculos com facções criminosas conhecidas, preferindo atuar de forma discreta e altamente lucrativa em círculos sociais privilegiados. Essa característica dificultava a identificação da rede, que contava com logística moderna, marketing “boca a boca” e delivery de drogas com aparência “gourmetizada”.
A disseminação do Ice acende um alerta vermelho entre os especialistas e órgãos de segurança pública. O que antes era visto como um problema restrito a áreas de vulnerabilidade social agora atinge os bairros mais nobres das grandes cidades, exigindo uma resposta urgente do poder público e um debate mais amplo sobre prevenção, conscientização e saúde mental entre os jovens.
🔍 O recado é claro: não é porque a droga é cara e “sofisticada” que ela é menos perigosa — muito pelo contrário. O Ice pode ser um caminho sem volta.