Um caso inusitado e polêmico chamou a atenção nas redes sociais nesta semana. Uma moradora de Ipatinga, em Minas Gerais, acusou uma unidade de saúde do SUS (Sistema Único de Saúde) de ter se recusado a atender seu “filho”, um boneco do tipo bebê reborn, o que ela classificou como um ato de “rebornofobia”.
A mulher, visivelmente abalada, relatou o caso em um vídeo que viralizou na internet. Segundo ela, o boneco – que ela trata como filho e chama de Pietro – estaria com sinais de “doença” e teria tossido a noite inteira. Diante disso, ela decidiu procurar atendimento médico. No entanto, ao chegar à unidade de saúde, afirma ter sido ignorada pelos profissionais.
“Levei o Pietro no médico porque ele não tava bem, tossiu a noite toda. Mas fui completamente ignorada. Ninguém quis atender ele. Isso é um absurdo!”, declarou a mãe aos prantos. “Aonde vamos parar? Negar atendimento pra uma criança!”, desabafou.
Os bebês reborn são bonecos hiper-realistas, feitos artesanalmente para se parecerem com recém-nascidos de verdade. Embora muitas pessoas os colecionem como hobby ou para fins terapêuticos, algumas chegam a tratá-los como filhos, com direito a enxoval, documentos simbólicos e rotinas de cuidados diárias.
Apesar da comoção gerada nas redes, a situação levantou um intenso debate: até que ponto o sistema de saúde deve considerar casos envolvendo bonecos como esse? Médicos ouvidos por nossa reportagem explicam que, embora respeitem o vínculo emocional que algumas pessoas criam com os bebês reborn, a prioridade do SUS é atender seres humanos com necessidades clínicas reais.
“Entendemos o apego e respeitamos a questão emocional, mas os recursos do sistema público são limitados e precisam ser direcionados a pacientes reais”, afirmou um profissional da área que preferiu não se identificar.
Por outro lado, especialistas em saúde mental alertam para a necessidade de acolhimento. “Quando alguém acredita que um boneco precisa de atendimento médico, isso pode indicar questões emocionais profundas. O ideal seria que essa pessoa fosse ouvida e encaminhada para um suporte psicológico, e não simplesmente ignorada”, explica uma psicóloga.
O caso ainda não foi oficialmente comentado pela prefeitura de Ipatinga ou pela direção da unidade de saúde envolvida. Enquanto isso, nas redes sociais, o episódio segue gerando discussões acaloradas, com opiniões divididas entre apoio à mulher e críticas ao que consideram exagero.
A mãe de Pietro afirma que não vai se calar. “Eu vou lutar por ele, ninguém tem o direito de tratar meu filho como se ele não fosse nada”, finalizou.