Única sobrevivente de uma tragédia na BR-020, na qual perdeu os quatro filhos e o marido, a professora Vânia Borges Carvalho, 49, homenageou um dos herdeiros, mais de sete anos depois. Ela emocionou centenas de amigos e familiares nesta quinta-feira (1º/2), dia em que Pedro Borges completaria 17, em um texto publicado no Facebook. “Até hoje espero pelo seu meigo olhar. Não o vejo mais; mas espero”, escreveu.
Pedro tinha 9 anos quando, em 22 de dezembro de 2010, morreu em um acidente automobilístico. Os três irmãos dele, Rayran, 16, Anna Beatriz, 12, e Júlia, 5, também perderam a vida na ocasião, além do pai, Jarismar, 43. Vânia, por sua vez, sobreviveu, apesar de ter sofrido queimaduras em 70% do corpo e lutado pela vida durante 90 dias na UTI do Hospital Regional da Asa Norte (Hran).
A professora contou que o terceiro filho sonhava em ser bombeiro militar. “Olha que irônico: o Pedro foi o único que não se queimou (no acidente)”, relembra. “Ele não era inclinado aos estudos, só queria saber de brincar. Mas, hoje, estaria terminando o ensino médio e se preparando para ingressar na profissão. Adorava a ideia de salvar vidas”, ressalta Vânia, que, há quase dois anos, retornou para a casa onde vivia com a família antes do acidente, no Guará 2.
Ela relatou que todos os dias recorda bons momentos vividos com os filhos e o marido. As lembranças ficam mais intensas nos aniversários de cada um, datas em que Vânia os homenageia em textos e fotos nas redes sociais.
Em finaliza o texto no Facebook pedindo para o filho “comemorar a vida”. “Ela pulsa e não cessa. A morte não existe. Nada mais é que uma transição. Nos reencontraremos, sim”.
Veja o texto completo em homenagem a Pedro Borges:
Volta por cima
Mais de sete anos após a tragédia que transformou sua vida, Vânia continua lecionando, mas já ensaia a despedida. Isso porque, neste ano, ela dará início ao processo de aposentadoria. Enquanto isso, dedica-se à ministrar palestras, pela rede Apoio a Perdas Irreparáveis (API), presente em diversas regiões do Brasil e no Distrito Federal.
“Tenho contato com outros pais que não se conformam com a perda de filhos, não têm motivação. Procuro acolhê-los e mostrar que também podem se reinventar e seguir, como eu consegui”, afirma. A história sobre a fatalidade e a superação de Vânia é contada por ela no livro Pérolas no Asfalto (2016).