O sargento da Polícia Militar André Barbosa, conhecido como “Cabral”, foi preso na manhã desta quinta-feira (16) dentro do 9º BPM (Rocha Miranda), na Zona Norte do Rio. Ele é suspeito de envolvimento com a milícia que atua em Nova Iguaçu, na Baixada Fluminense. A operação foi conduzida pelo Grupo de Atuação Especializada no Combate ao Crime Organizado (Gaeco) do Ministério Público do Rio de Janeiro (MPRJ), com apoio da Corregedoria da PM.
A prisão de André Barbosa ocorre no âmbito de uma investigação que expõe um esquema criminoso liderado pela organização miliciana comandada por Juninho Varão. Outro alvo da operação era Warley Paul Mansur de Souza, apontado como braço direito de Varão. No entanto, Mansur não foi localizado durante as buscas realizadas pelos agentes e é considerado foragido.
Acusações e Denúncia
Segundo o Ministério Público, André Barbosa tinha papel central na estrutura criminosa, atuando como líder da milícia nas localidades de Valverde e Cabuçu, em Nova Iguaçu. Ele é acusado de coordenar práticas criminosas como homicídios, extorsão, agiotagem, lavagem de dinheiro e distribuição clandestina de sinais de TV e internet. A denúncia aponta ainda que ele se apresentava como um dos fundadores da milícia nessas regiões.
Com base nas investigações, os promotores conseguiram a aprovação judicial para a prisão do sargento e para o seu afastamento imediato das funções públicas. A decisão foi expedida pelo Juízo da 1ª Vara Criminal Especializada.
De acordo com os promotores do Gaeco, a atuação do sargento não apenas fortalecia o poder da milícia na região, mas também expandia as atividades ilegais do grupo. As práticas extorsivas incluíam cobranças ilegais de taxas de proteção a moradores e comerciantes, enquanto a distribuição clandestina de serviços de internet e TV gerava recursos significativos para a organização.
A Força da Milícia na Baixada
O controle de territórios por milícias é um problema crônico na Baixada Fluminense, onde grupos paramilitares exploram a população local por meio de coerção e violência. A liderança de André Barbosa em Valverde e Cabuçu, conforme descrito na denúncia, evidencia como agentes da segurança pública podem ser corrompidos para servir a interesses criminosos.
A denúncia do MPRJ também detalha que Warley Mansur de Souza desempenhava funções operacionais como cobrador e executor de ordens diretas da liderança miliciana. Apesar das buscas realizadas em endereços vinculados ao seu nome, Mansur não foi localizado pelos agentes e agora é considerado foragido. A ausência do suspeito evidencia a complexidade das operações para desarticular organizações criminosas que possuem ampla rede de proteção.
Combate ao Crime Organizado
A prisão de André Barbosa é mais um passo na tentativa de enfraquecer a atuação das milícias na Baixada Fluminense. O Gaeco tem intensificado ações contra organizações criminosas que infiltram agentes públicos para garantir sua proteção e expansão. A corregedoria da PM também desempenha papel crucial nesse processo, investigando policiais que se envolvem em atividades ilegais.
Essa operação reflete o avanço de investigações que buscam responsabilizar não apenas os líderes de milícias, mas também seus integrantes e facilitadores. O afastamento de Barbosa de suas funções públicas é uma medida importante para evitar que ele continue utilizando o cargo de policial como forma de blindagem.
Impacto na Comunidade
A presença de milícias em regiões como Nova Iguaçu causa grande impacto na qualidade de vida dos moradores. Além de se tornarem reféns das taxas de proteção impostas pelos criminosos, os residentes enfrentam ameaças constantes e a falta de liberdade para denunciar as atividades ilegais.
A prisão de Barbosa é um marco no combate à milícia, mas especialistas alertam que desarticular essas organizações exige ações contínuas e integradas. As milícias se alimentam da vulnerabilidade social e da falta de oportunidades, aproveitando-se da ausência do Estado para impor seu domínio.
Conclusão
A operação que levou à prisão do sargento André Barbosa revela mais uma vez os vínculos preocupantes entre agentes públicos e organizações criminosas. A participação de policiais em esquemas milicianos representa um desafio para as instituições que buscam restaurar a segurança e a confiança da população.
Com Warley Mansur ainda foragido, as autoridades continuam as buscas para capturá-lo e enfraquecer ainda mais a milícia de Juninho Varão. Essa prisão é um exemplo da importância de esforços coordenados entre o Ministério Público, a Polícia Militar e o Judiciário no combate ao crime organizado.
A sociedade espera que ações como essa não sejam apenas um caso isolado, mas parte de uma estratégia ampla e permanente para acabar com o poder das milícias e devolver a paz às comunidades afetadas.