A violência provocada pela milícia continua fazendo vítimas inocentes na Zona Oeste do Rio de Janeiro. Desta vez, a comunidade de Rio das Pedras foi palco de mais um episódio brutal: dois jovens foram mortos e tiveram seus corpos jogados na Lagoa da região, num ato que escancara a crueldade e o domínio paralelo imposto pelos criminosos locais.
Uma das vítimas é Vitor Luiz, morador do bairro de Cosmos, também na Zona Oeste. Segundo relatos, o jovem foi até Rio das Pedras para encontrar uma garota, no dia dos namorados, segundo familiares, conheceu na Internet sem saber que aquele seria seu último destino. Ao chegar na comunidade, foi abordado por milicianos armados, que o detiveram e começaram a questioná-lo.
Um dos milicianos e uma das lideranças da região, acusou Vitor de ser integrante da milícia rival, supostamente ligada ao Zinho, um dos principais chefes milicianos em atuação no Rio. Sem provas, Vitor foi executado ali mesmo e teve o corpo jogado na Lagoa, onde foi encontrado horas depois.
A brutalidade não parou por aí. Ainda no mesmo dia, um outro jovem, morador da Cidade de Deus (CDD), foi assassinado também por membros da milícia de Rio das Pedras. O motivo? Os criminosos teriam encontrado fotos do rapaz segurando uma arma em seu celular — o suficiente para, segundo os milicianos, decretar sua morte. Mesmo sem saber se a arma era de brinquedo ou se as fotos eram antigas, os milicianos não hesitaram: executaram o jovem e, assim como Vitor, jogaram seu corpo na Lagoa.
Ambos os crimes não têm ligação com o tráfico de drogas, tampouco com qualquer atividade criminosa das vítimas. São mais dois exemplos do poder absoluto e arbitrário que a milícia exerce sobre os moradores, decidindo quem vive e quem morre com base em suspeitas e julgamentos próprios, sem qualquer respeito à vida.
Moradores da região, com medo de represálias, evitam comentar os crimes publicamente, mas relatam que o clima é de medo constante. “Eles mandam aqui. A polícia não entra, e quem questiona desaparece”, disse um morador sob anonimato.
As execuções foram registradas e estão sendo investigadas pela Delegacia de Homicídios da Capital. No entanto, a impunidade e o silêncio da comunidade dificultam a identificação e prisão dos envolvidos. Organizações de direitos humanos e movimentos sociais cobram ações efetivas do Estado para conter o avanço das milícias, que há anos aterrorizam comunidades inteiras na Zona Oeste.
Enquanto isso, famílias choram por filhos inocentes mortos covardemente, vítimas de um sistema paralelo que se fortalece com a ausência do poder público. O nome de Vitor Luiz e do jovem da CDD agora se somam à longa lista de vidas interrompidas pela barbárie miliciana no Rio de Janeiro.