O assassinato da vereadora Marielle Franco (PSol) e do motorista Anderson Gomes completa hoje oito meses sem um desfecho do caso. Para cobrar respostas das autoridades, a Anistia Internacional divulga nesta manhă, no Rio de Janeiro, um levantamento intitulado “O Labirinto do Caso Marielle Franco”, que reúne informaçőes veiculadas publicamente sobre os crimes e que denuncia a falta de respostas razoáveis das autoridades públicas frente à gravidade do caso. O evento contará com a presença dos pais da vereadora.
Segundo a coordenadora de pesquisa no Brasil, Renata Neder, o objetivo é apontar questőes que năo foram respondidas, incoerências e contradiçőes no decorrer da investigaçăo e questionar o posicionamento das autoridades. Entre os pontos críticos destacados estăo a falta de respostas sobre o desligamento das câmeras de segurança do local do crime dias antes do assassinato, o desaparecimento de submetralhadoras do arsenal da Polícia Civil do Rio de Janeiro, e o desvio de muniçăo de lote pertencente à Polícia Federal.
“Quando olhamos essas informaçőes em conjunto, vemos um padrăo de incoerência e falta de resposta pelas autoridades. Parece um labirinto de caminhos inexplorados e becos sem saída. Năo se diz como a muniçăo foi extraviada e a relaçăo com um grupo de extermínio em Săo Paulo. Sobre o desligamento das câmeras do local onde eles foram mortos, as autoridades năo se pronunciaram. Em maio, o ministro (da Segurança Pública, Raul Jungmann) afirmou que as investigaçőes estariam próximas de um desfecho. Estamos em novembro. Com essa divulgaçăo, esperamos que as autoridades deem resposta para a sociedade como um todo. Oito meses é um tempo inadmissível”, disse Renata.
Em nota, a măe de Marielle, Marinete da Silva ressaltou o apoio que a família vem recebendo e cobrou a conclusăo das investigaçőes. “Temos recebido muito acolhimento e solidariedade, tanto no Brasil como no exterior, e nossa família está cada vez mais unida. Oito meses se passaram e tudo o que a gente quer hoje é que se descubra quem matou e quem mandou matar minha filha.”
No início do mês, Raul Jungmann solicitou à Polícia Federal que investigue denúncias de que uma organizaçăo criminosa formada por agentes públicos e milicianos estaria agindo para impedir que as autoridades cheguem aos verdadeiros mandantes e autores do crime. Para Renata Neder, a possibilidade de que agentes do Estado estejam envolvidos no crime reforça a necessidade de que seja estabelecido com urgência um mecanismo externo e independente para monitorar as investigaçőes dos assassinatos.
Marielle Franco foi morta na noite de 14 de março no bairro do Estácio, no Rio de Janeiro. Ela foi atingida por quatro tiros na cabeça, disparados pelos assassinos, que seguiram o carro em que ela se encontrava. A vereadora estava no banco de trás, ao lado de uma assessora que năo sofreu ferimentos. O motorista recebeu três tiros nas costas e também morreu.