Um escândalo envolvendo religião, estelionato e tecnologia veio à tona nesta semana no Rio de Janeiro. A Polícia Civil prendeu Henrique Santini, conhecido como o “Pastor do Pix”, acusado de liderar um esquema criminoso que enganava fiéis por meio de promessas de milagres vendidos pelo telefone.
Segundo as investigações, Santini utilizava uma estrutura semelhante a um call center religioso, onde “profetas” entravam em contato com possíveis vítimas oferecendo bênçãos, curas espirituais e até soluções para problemas financeiros. O preço do milagre? R$ 1.500,00, pagos exclusivamente via Pix.
De acordo com a Delegacia de Crimes Cibernéticos, o grupo movimentou mais de R$ 3 milhões em dois anos, dinheiro arrecadado através da manipulação da fé e da vulnerabilidade das pessoas. As vítimas eram, em sua maioria, idosos e famílias em situação de fragilidade emocional, facilmente convencidos pelas promessas de prosperidade.
Durante a operação policial, computadores, celulares e comprovantes de transferências bancárias foram apreendidos. O esquema contava com uma equipe treinada para convencer os alvos a fazer os pagamentos imediatos, sempre reforçando que a “benção” só seria liberada após a confirmação do depósito.
O delegado responsável pelo caso afirmou que Henrique Santini era o “mentor espiritual e empresarial” do golpe. “Ele se apresentava como um homem de fé, mas, na prática, explorava a crença alheia para enriquecer ilicitamente”, destacou.
Santini foi autuado por estelionato, associação criminosa e lavagem de dinheiro. Se condenado, pode pegar mais de 15 anos de prisão.
A Polícia reforça o alerta para que a população desconfie de qualquer promessa de milagre vinculada a pagamento. A fé, segundo os investigadores, não deve ser usada como moeda de troca — muito menos como ferramenta de fraude.