O Rio de Janeiro não é só feito de praias maravilhosas e visuais deslumbrantes. Bem no coração da cidade, no número 30 da rua Luis de Camões, no centro, está escondida uma verdadeira joia, o Real Gabinete Português de Leitura.

Com uma fachada belíssima – inspirada no monumental Mosteiro dos Jerônimos, em Lisboa, e feita com pedras trazidas de Portugal –  e seu interior ainda mais deslumbrante, o Real Gabinete parece uma biblioteca saída de um filme, de tão linda que é. Tão bonita que, em 2014, foi eleita a quarta biblioteca mais linda do mundo.

Por toda a cidade do Rio, principalmente no centro, existe um contraste entre o antigo e o novo. E o Real Gabinete é um grande exemplo disso. Como sabido, a família real portuguesa desembarcou no Rio em 1808, dando início a uma nova Era para a cidade, na qual a maioria das construções rementem às encontradas em Portugal.

O Real Gabinete, no entanto, só foi fundado em 1837, 15 anos após a independência do Brasil, por um grupo de 43 imigrantes que queriam criam um espaço dedicado para o conhecimento, onde seus compatriotas poderiam relembrar e viver o espírito lusitano, mesmo tão longe de casa.

Em 1887, a construção do prédio foi concluída, tornando-se um verdadeiro monumento da presença de Portugal no Rio de Janeiro. Logo na fachada, os visitantes são recebidos pelas estátuas dos quatro portugueses mais importantes na história do nosso país: Pedro Álvares Cabral, Luís de Camões, Infante Dom Henrique e Vasco da Gama. Além deles, existem quatro medalhas de grandes nomes da literatura portuguesa: Fernão Lopes, Gil Vicente, Alexandre Herculano e Almeida Garrett.

Durante os séculos, o Real Gabinete foi frequentado pelos maiores nomes da literatura brasileira. Não era incomum encontrar personalidades como Machado de Assis, Olavo Bilac e João do Rio vasculhando as intermináveis prateleiras atrás de livros raros ou sentados às mesas escrevendo.

Por ser um local dedicado ao conhecimento, repleto de livros raros e com um acervo gigantesco de obrar portuguesas (o maior fora de Portugal), o Real Gabinete foi o lugar escolhido para realizar as primeiras cinco sessões oficiais da Academia Brasileira de Letras.

O interior do prédio é ainda mais incrível do que a fachada. Além da enorme coleção de livros, com prateleiras que parecem intermináveis, a decoração do lugar é impecável. Mesas e cadeiras de madeira maciça, o teto todo trabalhado, pinturas ilustres e, claro, o lustre espetacular pendurado no meu de uma claraboia feita de ferro e vidro, que dá ao local um ar ainda mais maravilhoso.

A calma e o silêncio que permeia o Real Gabinete proporciona uma verdadeira fuga da loucura da cidade do Rio de Janeiro. Por isso, cerca de 150 pessoas procuram o local diariamente para pesquisa, estudar ou simplesmente acessar uma das obras. Para isso, os visitantes contam com a ajuda de bibliotecários profissionais. A visita e a consulta ao acervo pode ser feita por qualquer pessoa. No entanto, como a biblioteca possui um enorme acervo de obrar raras, como a primeira edição de Os Lusíadas (de 1572), e outros manuscritos importantes, alguns volumes precisam de uma autorização especial para serem consultados.

Além de todos esses motivos para visitar o Real Gabinete, a quarta biblioteca mais linda do mundo ainda oferece cursos, conferências e palestras, quase todas ligadas à literatura.

Se interessou? Saiba como visitar:

Onde: Rua Luís de Camões, 30 – Centro – Rio de Janeiro – RJ