Um alerta grave e urgente: o litoral do Rio de Janeiro, incluindo cartões-postais mundialmente famosos como Copacabana, Ipanema e Leblon, pode sofrer impactos devastadores nas próximas décadas. Um estudo coordenado por pesquisadores da Coppe/UFRJ aponta que o nível médio do mar na região pode subir 0,78 metros até 2100, com uma taxa anual de crescimento de 7,5 milímetros — superior à média global.
Com base em modelagens hidrodinâmicas e cenários climáticos do IPCC, o trabalho científico liderado pela doutoranda Raquel Santos, sob orientação do oceanógrafo Luiz Paulo de Freitas Assad, projeta uma transformação drástica na geografia e infraestrutura da cidade. O estudo utilizou o sistema ROMS, além de dados topográficos e climáticos específicos da costa carioca.
🔍 O que está por vir?
1. Avanço do Mar
As projeções indicam que o oceano pode invadir mais de 100 metros do litoral urbano do Rio, afetando diretamente bairros como Copacabana, Ipanema, Leblon, Leme, Botafogo e seus arredores. Essa invasão não será pontual ou momentânea: será gradual, contínua e, caso nada seja feito, irreversível.
2. Erosão Sem Precedentes
O estudo aponta que a faixa de areia pode ser reduzida em até 80 metros em condições normais. Durante eventos extremos, como ressacas e marés altas, o mar pode avançar mais 60 metros além disso. Com a orla flanqueada por edificações e vias urbanas, não há espaço para um recuo natural da faixa de areia — o que pode levar à perda permanente das praias.
3. Inundações Constantes
Áreas que hoje enfrentam alagamentos apenas em épocas de chuva ou maré alta correm o risco de ficarem permanentemente alagadas. A mudança afeta não apenas o turismo e o lazer, mas também a mobilidade urbana, o abastecimento de água, redes de esgoto e até a segurança de milhares de moradores.
🌿 Impactos Ambientais
As consequências não se limitam à zona urbana. Ecossistemas frágeis, como os manguezais da APA de Guapimirim, estão sob risco de desaparecimento total. A Lagoa Rodrigo de Freitas também será impactada: o estudo prevê o aumento do espelho d’água, o que pode afetar tanto o equilíbrio ecológico quanto o entorno urbanizado.
Mais de 75% da faixa costeira entre a Bahia e o Rio Grande do Sul já apresenta alta vulnerabilidade às mudanças climáticas, segundo o levantamento. No caso do Rio de Janeiro, a densidade populacional e a limitação para obras de adaptação tornam o cenário ainda mais crítico.
⚙️ E o que pode ser feito?
O relatório científico aponta dois caminhos principais:
🌐 Ação Global:
A principal medida é reduzir drasticamente as emissões de gases do efeito estufa, cumprindo os compromissos dos acordos climáticos internacionais, como o Acordo de Paris. A inércia global pode tornar todos os esforços locais insuficientes diante do avanço do aquecimento global.
🧱 Ação Local:
É necessário investir em engenharia costeira adaptativa, como:
- Engordamento de praias
- Construção de recifes artificiais
- Instalação de moles e barreiras
- Reservas de áreas para recuo da linha de costa
- Sistemas de alerta para eventos extremos
Essas estratégias precisam ser implementadas com planejamento e urgência, considerando o valor histórico, turístico e econômico das regiões ameaçadas.
📌 Quadro-Resumo do Estudo
Tópico | Detalhes |
---|---|
Nível do mar | +0,78 m até 2100 (crescimento de 7,5 mm/ano) |
Avanço da linha costeira | +100 m, invadindo áreas urbanas |
Erosão de areia | -80 m em média; até -140 m com eventos extremos |
Inundações | Permanentes em áreas hoje sazonais |
Ecossistemas afetados | Manguezais e lagoas urbanas em risco |
⚠️ O Tempo Está se Esgotando
O estudo da Coppe/UFRJ funciona como um alerta vermelho para o futuro do Rio de Janeiro. Sem ações concretas e coordenadas, tanto em nível internacional quanto local, o que hoje são paisagens símbolo do Brasil podem se tornar zonas de destruição costeira e abandono urbano.
A cada ano perdido sem ação climática, aumenta a dificuldade — e o custo — de proteger o litoral. A pergunta que fica é: o que estamos esperando para agir?