O ex-policial militar Ronnie Lessa foi condenado a 90 anos de prisão por homicídio duplamente qualificado, em mais um capítulo sombrio de sua trajetória ligada ao crime. A sentença diz respeito ao assassinato de um casal na comunidade da Gardênia Azul, Zona Oeste do Rio de Janeiro, ocorrido em 2014. Segundo as investigações, o crime foi motivado por disputas territoriais envolvendo grupos paramilitares da região. Também envolvido no caso, o ex-vereador Cristiano Girão foi condenado a 45 anos de reclusão.
Esta não é a primeira vez que o nome de Ronnie Lessa aparece em casos de grande repercussão nacional. Em 2023, ele foi condenado a 78 anos e 9 meses de prisão pelo assassinato da vereadora Marielle Franco e de seu motorista Anderson Gomes, executados a tiros em março de 2018, no centro do Rio. Na ocasião, Lessa foi apontado como autor dos disparos, enquanto o ex-policial Élcio de Queiroz, responsável por dirigir o carro utilizado no crime, recebeu uma pena de 59 anos e 8 meses.
As investigações revelaram um esquema bem articulado para eliminar Marielle, que se destacava na política por denunciar abusos cometidos por milícias. O crime, de forte repercussão internacional, colocou o Brasil sob pressão para solucionar o caso e responsabilizar os envolvidos.
Além das condenações por homicídio, Ronnie Lessa também responde por tráfico internacional de armas. Em 2019, a Polícia Civil apreendeu 117 peças de fuzis em um endereço ligado a ele — a maior apreensão do tipo na história do estado. Pelo crime, Lessa foi condenado a 13 anos e 6 meses de prisão.
Ainda em 2023, ele, sua esposa, cunhado e dois amigos foram sentenciados por ocultação e destruição de provas no caso Marielle. O grupo teria colaborado para o descarte da submetralhadora utilizada no crime, lançando a arma no mar, numa tentativa de atrapalhar as investigações.
Somadas, as penas de Ronnie Lessa ultrapassam os 225 anos de prisão, evidenciando o histórico violento e a atuação do ex-policial em redes criminosas de alta periculosidade. Atualmente, ele cumpre pena na Penitenciária de Tremembé, no interior de São Paulo, unidade prisional conhecida por abrigar detentos de grande repercussão nacional.
O caso segue repercutindo, levantando questionamentos sobre a atuação de milícias e a influência de ex-agentes de segurança em crimes organizados no estado do Rio de Janeiro.