A violência armada tem imposto um pesado fardo à educação na região metropolitana do Rio de Janeiro. Em meio ao som constante de tiros, crianças e adolescentes tentam aprender em um cenário de medo e insegurança. Dados alarmantes divulgados por reportagens da Agência Brasil e outras fontes confiáveis revelam que o direito à educação está sendo ameaçado por uma realidade cruel: o cotidiano escolar marcado por tiroteios, fechamento de unidades e prejuízos emocionais irreparáveis.
Segundo levantamento da própria Agência Brasil, 74% das escolas municipais do Rio de Janeiro vivenciaram ao menos um tiroteio em seus arredores em 2019, sendo que algumas chegaram a registrar mais de 30 episódios apenas naquele ano. A violência, antes restrita a horários e locais específicos, passou a fazer parte do dia a dia da comunidade escolar, interrompendo rotinas e comprometendo o processo de aprendizagem.
O impacto direto disso tudo é visível nos resultados educacionais. Crianças expostas à violência frequente apresentaram perdas significativas de rendimento escolar. O desempenho em língua portuguesa caiu até 64%, enquanto em matemática, a redução ultrapassou os 80% do aprendizado esperado. Esses números traduzem não apenas a dificuldade de ensino, mas também a ausência de um ambiente seguro e propício ao desenvolvimento intelectual e emocional dos estudantes.
Outro dado que escancara a gravidade da crise educacional é o crescimento no número de escolas que suspenderam as atividades devido à violência. Apenas nos primeiros seis meses de 2023, mais instituições foram fechadas temporariamente do que em todo o ano anterior, afetando mais de 160 mil alunos. São crianças e adolescentes que, dia após dia, perdem aulas, convivência escolar e oportunidades de um futuro melhor.
Mas os danos vão além do que se pode medir em provas e boletins. O Unicef alerta para o impacto psicossocial profundo causado por essa constante exposição à violência. Pesadelos recorrentes, crises de ansiedade e dificuldades de concentração são alguns dos efeitos relatados. Muitas dessas crianças já carregam traumas que, sem apoio adequado, podem se arrastar por toda a vida, comprometendo não só sua escolaridade, mas também sua saúde mental e inserção social.
Esses dados reforçam a urgência de políticas públicas integradas que unam segurança, educação e assistência social. Não se trata apenas de aumentar o policiamento, mas de garantir um espaço escolar blindado contra a barbárie, onde o aprendizado, a convivência e o sonho de um futuro digno possam florescer.
A violência armada está roubando mais que a paz: está calando vozes, apagando trajetórias e comprometendo toda uma geração. Garantir escolas seguras é garantir esperança. E essa luta deve ser de toda a sociedade.