Santa Cruz, na Zona Oeste do Rio de Janeiro, enfrenta um dos momentos mais delicados dos últimos meses. O fim de semana foi marcado por tensão e medo entre moradores devido à expectativa de um possível confronto entre dois grupos criminosos que disputam o domínio da região. De um lado, a milícia dos chefes locais de Manguariba e Jesuítas já consolidada em algumas áreas. Do outro, a milícia do Guandu, que estaria preparando uma ofensiva para avançar sobre territórios estratégicos.
De acordo com relatos de moradores, comunidades como Jesuítas e Manguariba estão em alerta máximo. Muitos evitam sair de casa durante a noite e alguns estabelecimentos reduziram o horário de funcionamento por medo de tiroteios repentinos. A expectativa de ataques criou um clima de apreensão que atinge diretamente o dia a dia de quem vive nessas localidades.
Fontes ligadas à segurança pública apontam que a disputa não é apenas por território, mas também pelo controle de atividades ilegais, como a cobrança de taxas de segurança clandestinas, o fornecimento irregular de serviços e o tráfico de armas. A chamada “cobrança”, mecanismo utilizado pelas milícias para extorquir comerciantes e moradores, deve ser um dos principais pontos de pressão nesta semana. Há informações de que integrantes da milícia do Guandu estariam se articulando para tentar enfraquecer os rivais e abrir espaço para novos esquemas de arrecadação.
A tensão também impacta o setor de transporte alternativo, que muitas vezes é explorado por esses grupos. Motoristas relatam que estão sendo monitorados e, em alguns casos, obrigados a se alinhar a uma das facções sob ameaça de represálias.
Enquanto isso, os moradores vivem a incerteza. “A gente não sabe se vai conseguir trabalhar em paz amanhã ou se vai ter tiroteio logo cedo”, relatou uma moradora de Manguariba, que preferiu não se identificar.
As autoridades ainda não confirmaram operações específicas para conter o avanço da violência na região, mas a pressão popular por mais presença policial vem crescendo. O cenário indica que esta semana será decisiva para entender até que ponto o confronto entre as duas milícias poderá transformar Santa Cruz em palco de uma nova onda de violência.
O medo, o silêncio e a expectativa de ataques mostram que a população continua sendo a principal vítima dessa guerra pelo poder na Zona Oeste.