O ex-policial militar Ronnie Lessa, responsável pelo assassinato da vereadora Marielle Franco e do motorista Anderson Gomes, está cumprindo pena em regime de isolamento rigoroso há um ano e dois meses na Penitenciária 1 de Tremembé, em São Paulo. O réu foi transferido da Penitenciária Federal de Campo Grande (MS) após firmar acordo de delação premiada, que trouxe novos elementos à investigação do crime político que chocou o país em 2018.
De acordo com informações da defesa, Lessa encontra-se em uma cela sem contato com outros presos e não participa de atividades coletivas, como trabalhos internos ou dinâmicas de ressocialização. O isolamento, segundo seus advogados, estaria comprometendo a saúde física e psicológica do detento.
A Secretaria de Administração Penitenciária (SEAP), entretanto, rebate a narrativa da defesa. O órgão afirma que o ex-PM cumpre medidas especiais por questões de segurança, considerando o alto risco de atentados contra sua vida dentro do sistema prisional. Ainda segundo a pasta, Lessa tem direito a banho de sol diário em um pátio reservado, prática comum para presos que demandam tratamento diferenciado diante da gravidade de seus crimes ou do risco de retaliação de outros detentos.
Diante da situação, o advogado de Ronnie Lessa protocolou um pedido formal ao ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Alexandre de Moraes, solicitando a transferência do cliente para a Penitenciária 2 de Tremembé (P2), popularmente conhecida como o “presídio dos famosos”. O local já recebeu presos de notoriedade nacional, como Suzane von Richthofen, condenada pela morte dos pais, e o ex-goleiro Bruno Fernandes.
A defesa alega que, na P2, Lessa teria acesso a condições consideradas “mais humanas” e poderia cumprir sua pena em regime menos restritivo, ainda sob medidas de segurança. Contudo, até o momento, o pedido não foi analisado pelo ministro Alexandre de Moraes.
O caso reacende o debate sobre o tratamento dado a presos de alta periculosidade e colaboradores da Justiça. Enquanto familiares de Marielle e Anderson aguardam a plena responsabilização de todos os envolvidos no crime, a manutenção do isolamento de Ronnie Lessa segue sendo um dos pontos de maior controvérsia dentro do processo judicial.
