A guerra entre facções criminosas voltou a estremecer a Zona Oeste do Rio de Janeiro. De acordo com informações recebidas nesta quinta-feira (2), criminosos fortemente armados e vestidos com roupas táticas semelhantes às usadas por forças policiais invadiram a comunidade de Antares, em Santa Cruz, e sequestraram um miliciano conhecido como Sassá do Antares. A ação foi atribuída à Tropa do RD, grupo ligado ao Comando Vermelho (CV), que vem ganhando força em territórios tradicionalmente dominados pela milícia.
A ousadia da ação e o alvo escolhido revelam o agravamento da crise interna que atinge a milícia comandada por Zinho, um dos principais nomes do crime organizado na Zona Oeste. Fontes locais apontam que o sequestro de Sassá é apenas mais um episódio de um cenário que pode levar à mudança completa da dinâmica do controle territorial na região.
Moradores relatam momentos de terror. “Eles chegaram do nada, pareciam policiais, tudo com farda e armas pesadas. Ninguém sabia se era operação ou invasão. Depois, soubemos que levaram o Sassá”, contou um morador, sob anonimato, temendo represálias.
A milícia de Zinho, que por anos comandou com mão de ferro bairros inteiros de Santa Cruz, Sepetiba e adjacências, passa por uma de suas piores fases. Fontes ligadas à segurança pública apontam falhas de gestão, perda de lideranças estratégicas e queda no controle de áreas como fatores que contribuíram para o avanço da facção rival.
O grupo liderado por RD, por sua vez, vem se fortalecendo nos bastidores. Com ações táticas cada vez mais organizadas, como a que ocorreu em Antares, a Tropa do RD tem usado armamento pesado, inteligência e até disfarces para avançar sobre áreas dominadas por milicianos. A zona oeste virou um verdadeiro campo de batalha urbano, com confrontos frequentes e risco constante para a população civil.
Especialistas em segurança pública alertam que a situação pode piorar. “Esse sequestro não é um fato isolado, mas parte de uma estratégia maior do Comando Vermelho para desestabilizar a milícia na Zona Oeste. Com o enfraquecimento da liderança de Zinho, há risco real de mudança de domínio em diversas comunidades”, afirmou um analista que acompanha o cenário do crime no Rio.
A escalada de violência preocupa moradores e autoridades. Ainda não há confirmação oficial sobre o paradeiro de Sassá, nem posicionamento da Polícia Civil sobre a ação. Enquanto isso, cresce o clima de tensão em bairros como Antares, Rola, Jesuítas e outros que compõem o cenário em disputa.
Com a Zona Oeste em estado de alerta, moradores vivem sob o medo de novos ataques, confrontos e represálias. A guerra entre milícia e facção promete novos capítulos — e, infelizmente, quem mais sofre é a população.