A Zona Oeste do Rio de Janeiro voltou a ser palco de cenas de violência que parecem roteiro de filme de ação. O protagonista dessa história é Lucas Fernandes, conhecido como “Japa”, de 31 anos, ex-militar que se tornou figura conhecida no submundo das milícias. Em menos de 24 horas, ele sofreu quatro atentados, incluindo uma invasão ao Hospital Pedro II, em Santa Cruz, onde estava internado após ser baleado.
Japa não é novato nesse universo. Em 2019, ele foi preso acusado de integrar uma das principais milícias de Paciência, também na Zona Oeste. Segundo investigações, o grupo agia com estrutura de empresa criminosa, impondo o terror à população local. Comerciante que não aceitasse pagar a chamada “taxa de segurança” era ameaçado ou expulso do bairro. Além disso, a quadrilha lucrava com a exploração de “gatonet”, transporte alternativo ilegal e até mesmo jogos de azar.
Hoje em liberdade condicional, Lucas Fernandes continua sendo peça-chave nesse quebra-cabeça violento que mistura poder, intimidação e dinheiro fácil. Fontes ligadas à segurança pública apontam que a milícia da qual fez parte contava com armamento pesado, estratégias de coação e até tentativas de cooptação de agentes públicos.
Os ataques sucessivos contra ele indicam disputa interna ou cobrança de antigas dívidas com outros grupos criminosos. A ousadia da invasão ao hospital reforça a dimensão do perigo: não apenas para o próprio Japa, mas para pacientes, médicos e a população que vive sob constante medo.
A sequência de atentados escancara mais uma vez a ferida aberta na Zona Oeste: territórios onde o Estado é substituído pela força das milícias, e onde figuras como “Japa” se tornam alvo e símbolo de um poder paralelo que insiste em desafiar a lei.