Um relatório recente da Subsecretaria de Inteligência da Polícia Militar do Rio de Janeiro acendeu um alerta preocupante sobre a origem do armamento pesado em circulação no estado. Dos 638 fuzis apreendidos somente em 2024 pelas forças de segurança, apenas 34 — o que representa 5,32% do total — foram fabricados no Brasil. Os outros 604, ou seja, mais de 94% das apreensões, têm origem estrangeira, revelando a força do tráfico internacional de armas que abastece o crime organizado no estado.
Os dados apontam os Estados Unidos como a principal origem desse arsenal. Segundo o levantamento, 295 fuzis apreendidos pertencem à plataforma Colt, tradicional fabricante norte-americana de armamentos militares. Esse número representa quase metade de todas as armas de origem estrangeira apreendidas neste ano, reforçando a liderança dos EUA no fornecimento ilegal de fuzis para o Brasil, principalmente por meio de rotas clandestinas que atravessam fronteiras mal vigiadas e entram em território nacional até chegar às mãos de facções criminosas.
Especialistas em segurança pública afirmam que o dado é alarmante e mostra como o país segue vulnerável ao tráfico internacional de armas de guerra. A presença maciça de armamento estrangeiro de alto calibre nas comunidades dominadas pelo crime organizado eleva o grau de letalidade nos confrontos com a polícia, além de ampliar o poder de fogo de traficantes e milicianos.
“Essas armas não entram no país sozinhas. Há uma rede complexa por trás desse tráfico, envolvendo corrupção, rotas internacionais e falhas de fiscalização nas fronteiras”, aponta um oficial da PM que preferiu não se identificar. Ele reforça que o combate ao tráfico internacional de armas precisa de ações coordenadas com agências federais e internacionais, além de investimentos em inteligência e tecnologia.
A baixa presença de armamento nacional entre os fuzis apreendidos também chama atenção. Apesar do Brasil ter fabricantes reconhecidos de armas, como a Taurus, a realidade é que o mercado ilegal de fuzis no estado é majoritariamente abastecido por importações ilegais.
A Subsecretaria de Inteligência pretende, com esse relatório, apoiar novas estratégias de combate ao tráfico de armas, intensificando o rastreamento da origem do armamento apreendido e mapeando as principais rotas de entrada. A expectativa é que o documento sirva como base para operações mais eficazes e ações conjuntas com outros estados e países, numa tentativa de conter o avanço desse tipo de crime que coloca em risco toda a sociedade fluminense.