Uma reviravolta inesperada promete movimentar os bastidores do tráfico no Rio de Janeiro. A travesti conhecida como “Mulher-Gato”, apontada como companheira do traficante TH — morto recentemente em uma operação do BOPE no Complexo da Maré — declarou publicamente que irá lutar na Justiça pela divisão dos bens deixados pelo criminoso.
Segundo ela, a relação com o traficante não era apenas íntima, mas também marcada por cumplicidade e parceria em diversos momentos da vida do criminoso. Em sua declaração, “Mulher-Gato” afirmou que participou ativamente da rotina de TH e que, por isso, teria direito a parte das conquistas que ele acumulou ao longo dos anos.
“Eu estava com ele nos momentos difíceis. Fiz parte da caminhada dele. Não vou ficar de mãos abanando agora”, disse, em tom de desabafo, nas redes sociais.
TH era considerado uma figura importante dentro do tráfico de drogas na região da Maré, com forte influência sobre as atividades criminosas no local. A operação que resultou em sua morte foi realizada pelo Batalhão de Operações Policiais Especiais (BOPE), e teve como objetivo neutralizar lideranças armadas que atuavam na comunidade.
Apesar da natureza ilícita dos bens supostamente deixados por TH, “Mulher-Gato” afirma que buscará apoio jurídico para garantir seus “direitos”. Advogados ouvidos por nossa reportagem explicam que, mesmo em casos envolvendo atividades criminosas, a Justiça pode ser provocada, embora a possibilidade de êxito seja extremamente baixa.
“É praticamente impossível a Justiça reconhecer direitos sobre bens obtidos por meios ilegais. Qualquer patrimônio vinculado ao tráfico está sujeito a apreensão e perda”, esclareceu um criminalista.
O caso, no entanto, chama atenção não apenas pelo inusitado da reivindicação, mas também pela exposição de uma face pouco discutida do submundo do crime: os laços afetivos que se formam e as disputas que emergem após a queda de uma liderança.
Enquanto a investigação sobre os bens de TH segue sob sigilo, a declaração da “Mulher-Gato” já gera polêmica e debate nas redes sociais, onde ela possui milhares de seguidores. Resta saber até onde essa disputa vai chegar — e se a Justiça dará qualquer espaço para essa briga inusitada.