O ex-secretário da Polícia Civil do Rio de Janeiro, Allan Turnowski, foi preso na noite desta terça-feira, 6, após se entregar espontaneamente à Corregedoria da Polícia Civil (PCERJ). A apresentação aconteceu por volta das 23h, segundo informações da TV Globo. O ex-delegado é alvo de uma investigação que apura sua ligação com uma organização criminosa envolvida com o jogo do bicho e até com o planejamento de assassinatos.
A prisão preventiva de Turnowski foi restabelecida pelo Supremo Tribunal Federal (STF) no dia 1º deste mês, após recurso do Ministério Público Federal (MPF). O mandado foi expedido nesta terça-feira, culminando na sua rendição horas depois.
Turnowski, que já havia sido preso em 2022 durante uma operação do Ministério Público do Rio de Janeiro (MP-RJ), voltou ao centro das atenções com a decisão da mais alta corte do país. Na ocasião anterior, as investigações apontaram que o então secretário da Polícia Civil recebia propina de grupos ligados ao jogo do bicho. Mais grave ainda, ele teria participado de um plano para assassinar o bicheiro Rogério Andrade — figura notória no submundo do crime fluminense.
Apesar das graves acusações, o delegado não chegou a passar sequer um mês preso em 2022. Após a primeira prisão, ele deixou o cargo de secretário da Polícia Civil para concorrer a uma vaga na Câmara dos Deputados pelo Partido Liberal (PL). No entanto, foi solto pouco tempo depois por decisão judicial. Agora, com o novo posicionamento do STF, sua liberdade foi novamente revogada.
Na decisão que resultou na retomada da prisão preventiva, o ministro Edson Fachin destacou a periculosidade do grupo com o qual Turnowski estaria associado. Fachin afirmou que “há sólidos indicativos de que o grupo está disposto a usar de atos de violência e demonstração de exacerbada força e poder, inclusive com o planejamento de homicídios para eliminação daqueles que colocam contra os interesses do grupo”. A fala do ministro aponta para a atuação violenta e organizada da suposta quadrilha envolvida com os jogos de azar no estado.
O caso não só coloca sob escrutínio a integridade da cúpula da segurança pública fluminense, como também aumenta a pressão política sobre o governo de Cláudio Castro. A prisão de um ex-secretário e a recente condenação de seu ex-candidato a vice-governador, Thiago Pampolha, por propaganda irregular em 2022, têm causado ruídos dentro do Palácio Guanabara e alimentam questionamentos sobre a escolha de aliados políticos e administrativos do atual governador.
Apesar da gravidade das acusações, a defesa de Turnowski afirmou à TV Globo que irá recorrer da decisão do STF e vai protocolar um pedido de habeas corpus. Os advogados sustentam que não há elementos suficientes para a manutenção da prisão preventiva.
A prisão do ex-secretário reacende o debate sobre a infiltração do crime organizado nas estruturas do Estado e evidencia as dificuldades históricas do Rio de Janeiro em romper com a promiscuidade entre agentes públicos e grupos criminosos. A atuação do STF e do MPF, nesse contexto, é vista por especialistas como um movimento necessário para estancar a corrupção e restaurar a confiança da população nas instituições.
Enquanto isso, Turnowski permanece detido, e o caso deve seguir em tramitação nos próximos dias com grande atenção da mídia e da opinião pública. A nova prisão marca mais um capítulo tenso na já turbulenta relação entre política, segurança e criminalidade no estado do Rio de Janeiro.