Em uma declaração surpreendente e de grande impacto internacional, o secretário de Estado de Segurança Pública do Rio de Janeiro, Victor Santos, afirmou durante uma entrevista concedida nesta quarta-feira (08) que um dossiê completo, produzido pelas inteligências das polícias Militar e Civil, será encaminhado às autoridades dos Estados Unidos com um objetivo claro: obter o reconhecimento formal de facções criminosas que atuam no Rio como organizações narcoterroristas.
A iniciativa, considerada inédita no Brasil, visa chamar a atenção da comunidade internacional para a gravidade da situação enfrentada por diversas regiões do estado, onde traficantes controlam territórios inteiros, impõem toque de recolher, ameaçam instituições públicas e utilizam armamento de guerra contra forças de segurança.
“Estamos diante de grupos que não atuam apenas com o tráfico de drogas. Eles desafiam o Estado, aterrorizam populações inteiras, fazem alianças com milícias e utilizam práticas claramente terroristas. Isso precisa ser reconhecido formalmente”, afirmou o secretário.
O relatório, segundo Santos, reúne provas documentais, imagens, escutas telefônicas autorizadas pela Justiça e dados de inteligência que mostram como essas facções operam de forma estruturada, com hierarquia, financiamento externo e ações coordenadas para expandir seus domínios. De acordo com ele, as autoridades norte-americanas já demonstraram interesse em analisar o material e discutir possíveis parcerias de cooperação internacional.
Entre os principais alvos do dossiê estão os grupos que dominam comunidades estratégicas na capital e na Baixada Fluminense, especialmente facções como o Comando Vermelho e o Terceiro Comando Puro. A ideia do governo fluminense é pressionar por sanções econômicas, restrições de movimentação internacional e até o bloqueio de ativos de membros ligados a essas quadrilhas.
Especialistas em segurança pública ouvidos pela reportagem avaliam a medida como ousada, mas plausível diante da escalada de violência e da influência desses grupos em diversas esferas da sociedade. “A classificação como organização narcoterrorista abriria espaço para uma nova abordagem, inclusive jurídica, no combate a essas facções. Isso também pode estimular o apoio de outros países em ações de inteligência, rastreamento financeiro e até treinamentos especializados”, disse um ex-integrante da Interpol.
Ainda não há uma data exata para o envio do relatório, mas fontes próximas à Secretaria de Segurança confirmam que o documento já está em fase final de formatação e será encaminhado ao Departamento de Estado dos EUA e a outras agências internacionais de combate ao terrorismo.
Enquanto isso, o governo do estado reforça o apelo por mais apoio federal e internacional no enfrentamento ao crime organizado. “O que vivemos aqui já ultrapassou os limites de segurança pública. É uma questão de soberania e direitos humanos”, concluiu o secretário Victor Santos.
A declaração repercutiu fortemente nas redes sociais e deve esquentar o debate político e jurídico nos próximos dias. A classificação de facções brasileiras como terroristas pode abrir um novo capítulo na história do combate ao crime no país.